Lisboa, 9 nov (EFE) - O prêmio Nobel de Literatura José Saramago defendeu o direito de opção pelo suicídio, em entrevista publicada hoje no Diário de Notícias.
"Uma pessoa que se suicida usa um direito sobre sua própria vida. Ninguém pode lhe negar isso, seja qual for a autoridade que se oponha, civil ou religiosa", disse o escritor português.
Saramago questionou "em nome de quem a sociedade nega isso", já que "ninguém pode dizer não à eutanásia". O escritor apresenta em Lisboa na próxima sexta-feira seu último romance, "As intermitências da morte". O lançamento mundial da obra foi realizado no Brasil há uma semana.
Sobre "As intermitências da morte", contou que a idéia de escrever esse livro surgiu quando lia "Os cadernos de Malte Laurids Brigge", de Rainer Maria Rilke.
"São páginas extraordinárias e então me ocorreu a idéia", destacou, acrescentando que quando um livro fala da morte, parte-se da idéia de que é uma obra séria.
O escritor acha que passamos muito tempo pensando no que há depois da vida, enquanto deveríamos, na sua opinião, concentrar-nos no que acontece na vida comum.
Além disso, ressaltou que "As intermitências da morte" foi escrito com alegria, "uma alegria que não só vem do tom irônico, sarcástico às vezes, divertido".
Ele reconheceu que, aos 83 anos, conserva lucidez suficiente para saber que "sou realmente um velho, que se mantém e trabalha".
"Seria horrível se fôssemos imortais nesta vida. Com a morte, nos prometem a vida eterna em outra vida e a Igreja nos diz que contemplaremos o Senhor, e me parece que contemplar a cara do Senhor para toda a vida é um pouco forte", brincou.
O novo livro de Saramago também já está à venda em Portugal, Espanha, Chile, México, Colômbia e Argentina.
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